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Lundu é uma dança de origem africana, assim como seu canto, trazida pelos escravos bantos. O Lundu, do mesmo modo que o "maxixe", eram danças que possuíam uma forma "branda" e a uma forma "selvagem". Essa última, tinha como tema da dança, o convite feito pelo homem à mulher para um encontro sexual. A dança desenvolvia-se, a princípio, com a recusa da mulher mas, ante a insistência do seu companheiro ela termina por ceder. A movimentação era tão carregada de sensualismo e lubricidade que, ao tempo, a Corte, ao tomar conhecimento do fato, solicitou às autoridades a proibição da dança.
A coreografia na forma "branda", segue as linhas gerais do Batuque ou Samba. Homens e mulheres dançam soltos, formando um semi-círculo onde cada par, após dançar no centro, voltam ao seu lugar; no final todos dançam juntos.
Quando está no meio da roda, o dançador faz evoluções inteiramente relaxado, braços caídos ao longo do corpo, pernas meio fletidas, mantendo um sapateio em que a planta do pé bate inteiramente no chão, ao ritmo da música.
Com as adaptações locais o "Lundu" sofreu diversas modificações, principalmente na indumentária. Ao contrário do primitivismo africano, apresenta todas as características marajoaras, razão por que passou a ser chamado de "Lundu marajoara". As mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca, pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla azul-claras e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços.
Para ser aceita, o Lundu-dança, passou à Lundu-canção e no Brasil Império já era cantada nas grandes festas. E essa ascensão se deu pelo caminho da comicidade. Cantando sensualmente os amores condenados pela sociedade, o Lundu se fixou definitivamente na exaltação da negra e do mulato. Eram muitas vezes cômicos e sempre risonhos. Foi essa comicidade e sorriso o disfarce psicossocial que lhe permitiu a difusão nas classe dominantes. E por isso mesmo, por tratar de temas nem sempre aceitos pela sociedade é que a maioria dos Lundus não trazia o nome do autor que preferia se esconder no anonimato para não ser identificado e talvez perseguido pelas autoridades.
O Lundu foi a primeira forma de música negra, que sendo muito bem aceita pelos brancos, amulatou-se, ou seja, se miscigenou a cultura européia sem abrir mão das suas características esculturais: no caso, a alteração rítmica da sincopa e a escala de sétima baixada (sol a sol descendente, sem alteração).
A matriz rítmica, por sua vez, demandava um acompanhamento afro-brasileiro (atabaques, agogô, marimba, pandeiro, triângulo etc. O próprio violão, que não é instrumento africano, termina obedecendo ao mesmo processo de execução dedilhada dos instrumentos de corda negros.
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