Mais um ano termina

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Talvez não tenhamos feito tudo o que queríamos.
Ou talvez, fizemos até mais do que almejávamos.
Certamente muitos foram os acontecimentos.
Agradáveis ou não.
Tivemos conquistas e derrotas.
O sofrimento surgiu, mas as alegrias também vieram.
Despedidas foram necessárias, assim como novos encontros.
E reencontros também.
Dúvidas, incertezas e medos fizeram parte da nossa caminhada.
Mas a coragem, a fé e a determinação também marcaram presença.

Misturamos a euforia e o desânimo.
As lágrimas e os sorrisos.
Conhecemos a inveja e o orgulho.
Mas também fomos apresentados ao companheirismo e a humildade.
Pequenos gestos nos sensibilizaram.
Outros nos causaram revolta.
Realizamos ideais e sonhamos com outras conquistas.

Sim, mais um ano termina...
Para muitos um alívio.
Para outros, deixará saudades.
E mais um ano se aproxima...
Almejamos que seja o início de uma nova era.

Nos pegamos fazendo as nossas listas de promessas para o novo ano.
Separamos as simpatias para realizarmos na hora da virada.
Assim como os rituais que iremos fazer no grande momento.
Nos sentimos eufóricos para que o tempo passe logo.
A esperança parece transbordar em nosso peito e ficamos na expectativa que tudo será diferente, será melhor no ano que chegará.

Aí na virada de ano, almejamos que todos os nossos problemas e sofrimentos possam ir embora, juntamente com os fogos que clareiam no céu.
Nos sentimos fortes e cheios de fé diante do caminho a nossa frente.
Nada temos a temer e acreditamos que podemos, sim, vencer.
E as lágrimas caem...
Lágrimas de alegria, de tristeza, de agradecimento, de arrependimento de esperança, de fé, de angústia, de euforia, de solidão, lágrimas que representam inúmeros sentimentos.
Mas lá no fundo, dentro do nosso coração o desejo é sempre o mesmo: de renovação.
E podemos sim renovar a nossa vida, mas essa renovação não virá apenas com a chegada de um novo ano.
Ela virá quando realmente estivermos dispostos a mudar.
Quando reconhecermos o que precisa ser modificado em nossa vida e dermos o primeiro passo para que a transformação aconteça.

Não é com simpatias que conquistaremos a paz de espírito e sim com atitude.
Ficar esperando que os nossos problemas se resolvam de uma hora pra outra também não resolve, precisamos arregaçar as mangas e ir a luta, porque passes de mágica só ocorrem nos filmes encantados.
Mas podemos sim, mudar o enredo de nossa vida.
E para isso precisamos ter fé, esperança, coragem, perseverança e amor.
Fé para jamais desistirmos diante de uma prova.
Esperança para acreditarmos que somos capazes sim de vencer e evoluir espiritualmente.
Coragem para irmos em frente sem temer as tempestades que se formarem a nossa frente.
Perseverança para recomeçarmos quantas vezes forem necessárias.
E amor, porque sem ele, não chegaremos a nenhum lugar.

Por isso, lembre-se que não é a virada do ano que a tudo transformará, mas sim, a nossa evolução espiritual que nos ajudará a compreender os fatos e escolher um novo caminho.

Feliz 2011 !!!



Baile do Menino Deus

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O Natal do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra foi marcado pelas apresentações do Baile do Menino Deus. O espetáculo que faz parte do projeto Folia do Natal do Festival de Inverno de Campina Grande, este ano, aconteceu em parceria com a Unidade Acadêmica de Arte e Mídia da UFCG.

O Auto, conforme, contou a coordenadora do projeto Eneida Agra Maracará, trouxe para o Natal, teatro, dança, música e muita poesia em um total fortalecimento das tradições natalinas a partir de elementos da nordestinidade. "Vale salientar que não é resgate mas um fortalecimento do Natal por meio das artes" explicou Eneida Agra.

O Auto de Natal com Baile do Menino Deus consiste conforme destacou Eneida, em uma grande celebração do nascimento de Jesus com elementos nordestinos. Mais de 200 artistas, entre músicos, dançarinos, atores e poetas participam do Auto. "O Auto é alegria, é magia, é poesia e uma celebração da vida com o que nossas maiores manifestações culturais", contou Eneida.

O espetáculo contou com a participação da Filarmônica Epitácio Pessoa, a qual realizou um concerto com músicas natalinas. Ainda contou com a apresentação do coral da Facisa.

O fortalecimento das festividades natalinas através das artes representadas pelas mais originais manifestações nordestinas como o Maracatú, Bumba meu boi, Caboclinho e Pastoril. É o que nos trouxe o Auto de Natal com Baile do Menino Deus.

Adapatado de: Diário da Borborema

Congos da Paraíba

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Maracatu

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Maracatu ao contrario do que muitos pensam não é somente uma dança, é muito mais do que isto, é um folguedo do folclore brasileiro, ou seja, uma representação teatral que acontece através da dança. No folguedo a dança dramatiza através de coreografias estruturadas um fato folclórico que pode ser de origem de cultura religiosa, lúdica, ou somente representativa, aonde os participantes representam um ou mais papéis da representação. Fazem parte do conjunto além da dança e da representação, a coreografia, a musica, os trajes, os cantos e a história ou fato folclórico representado.

O maracatu é um folguedo que representa uma festa popular e religiosa que tem suas origens na época da colonização do Brasil. A partir do ano de 1538, com o objetivo de organizar e tornar mais fácil a ordem dos negros africanos que chegavam ao Brasil como escravos, a colônia portuguesa resolveu instituir a coroação de rainhas e reis negros, protegidos por Nossa Senhora do Rosário e por São Benedito, dois Santos da religião católica. A coroação desses reis e rainhas acontecia com muitos festejos que deram origem ao Maracatu. Com a abolição da escravatura essa instituição desapareceu, mas os negros passaram a cultuar seus ascendentes coroados através de desfiles que aconteciam na festa de Nossa Senhora do Rosário e nos dias de Reis. A partir daí surgiu o Maracatu que é hoje conhecido e admirado, uma representação teatral, com personagens e com um ritmo musical próprio e tradicional em todo o nordeste brasileiro. Em Olinda e Recife a tradição resiste há mais de 400 anos, com descendentes provenientes do Congo da tribo de Nagô.

Na folguedo do Maracatu basicamente o que é representado é a coroação do rei e da rainha dos escravos, que são acompanhados por sua corte, todos devidamente representados nos desfiles pela ruas do nordeste: príncipes e princesas, duques e duquesas, ministro e sua dama de honra, barões e baronesas, embaixador e a porta estandarte, os batuqueiros, porta-sombrinha, damas de passo damas da corte, a primeira dama da corte, que carrega durante o desfile do Maracatu uma boneca chamada e Calunga que representa as antigas rainhas negras já mortas, além disso há a representação do elefante e do tigre, do guarda da coroa, dos lanceiros e escravos. Uma festa de cores e sons inesquecíveis para quem tem o privilégio de presenciar.

Araruna

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Faz alusão a um pássaro preto conhecido como ARARUNA, muito comum na região do brejo paraibano.
 
É uma dança de colheita, principalmente a do arroz.
 
Na plantação não existe quando aparece os pendões com arroz, estas aves de plumagem negra, passam a comê-los, se deixar comem toda a plantação. Para proteger a plantação, tange-se as aves. É este tanger das aves que deu origem à letra da música e à dança.

É uma dança de passos lentos, para frente, para atrás e para o lado, imitando o próprio pássaro.

Maracatu

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Xote batido

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É uma dança de salão, aristocrata, de origem alemã (schottisch), que penetrou em todas as regiões do Brasil.  

Desaparecendo do meio da alta sociedade,incorporou-se aos bailes populares e regionais. No nordeste, xote, é uma dança obrigatória, sendo mais difundida na época junina, a exemplo do camaleão e araruna. 

No Brasil, a mesma foi introduzida em 28 de Junho de 1851, no Campestre Clube e cassinos do Rio de Janeiro, pelo prof. De danças JULES FOUSSANIT. 

Seus passos caracterizam-se pela batida do pé ao ritmo da zabumba. Dança-se aos pares alegremente numa variação de passos respeitando o desenho coreográfico, geralmente em fileiras.

Baião

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Segundo muitos pesquisadores a origem desta dança e música esta ligada ao Fado, dança muito comum em Portugal, além de apresentar elementos da cultura africana.Alguns pesquisadores classificam o Baião como uma transformação de um tipo de Samba, que aos poucos foi se adaptando ao gosto e vida do povo do Sertão ,muito diferentes do povo do Litoral.

A Dança também era conhecida como Baiano, possivelmente por ter se originado, ou ter sido muito difundida no interior da Bahia, esta dança já era muito conhecida no Maranhão,Ceará,Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Bahia,possuindo grande variedade de coreografias.A dança não era executada pelo o povo nas ruas, era apenas utilizada em ocasiões de festejos sociais como batizados, aniversários, casamentos, dentre outros.

O Baião tanto a Dança como a Música abrange duas fases,a mais antiga onde surge o Baião no Nordeste, e posteriormente durante o século XIX muito difundido no Brasil a partir de 1946 com Luiz Gonzaga, "o rei do baião".

A coreografia do Baião não é de passos determinados, ela consiste basicamente no improviso dos movimentos, isto também se aplica as letras das musicas ,onde a marca principal é o improviso dos cantores,inspirados nas circunstâncias.

Na Dança formam-se pares,homens com mulheres estes pares podem a vir ou não a se desfazer durante o desenrolar da festa,não existe uma norma para a formação do par ,ficando de livre escolha,podendo muitas vezes na falta de com quem dançar dançar com crianças, sozinho ou mulher com outra mulher.

A quantidade de Músicos pode variar bastante ,são predominante em número de três os chamados "Trio de Forró"(Sanfona,Triângulo,Zabumba), mas ocasionalmente este número pode cair para dois ou até mesmo um.

Os instrumentos são basicamente: Sanfona,Triângulo,Zabumba,podendo ainda fazer parte a Rabeca,Pandeiro e Agogô.

Puxada de Rede

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Puxada de Rede

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A Puxada de rede é uma atividade comum no litoral do Brasil sendo praticada por pescadores e responsável pelo sustento de muitas famílias brasileiras. Devido à sua extrema beleza o ritual da “puxada de rede” foi levado para espetáculos associado à capoeira.

O ritual da “puxada de rede“ é praticado por um grupo de homens, comandado pelo Mestre do mar. Preparam as redes usando calças curtas ou calções e chapéu de palha.

A rede é lançada ao mar quando começam os cantos. Logo depois o Mestre dá o sinal para recolher a rede, onde inicia-se a “puxada da rede” retirando-a do mar.  Suas mulheres os ajudam na beira da praia, onde esperam ansiosas a pescaria cantando e batendo palmas. 

Os peixes são limpos e a boa pescaria é agradecida e comemorada.

A peça retratada na puxada de rede, conta a história de um pescador que ao sair para o mar para fazer o sustento da família, em plena noite, despede-se de sua mulher que acaba por ter um mau pressentimento. Preocupada com a partida do marido ela o assusta dizendo dos perigos de sair à noite, mas o pescador sai e a deixa chorando e os filhos assustados.

Mesmo assim o pescador sai para o mar e leva consigo uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, seus companheiros e a benção de Deus. Muito antes do horário previsto para a volta dos pescadores, que seria às cinco horas da manhã, a mulher do pescador, que ficou na praia esperando a hora do arrasto, teve uma triste visão: ela vê o barco voltando com todos à bordo muito triste e alguns chorando.

Na manhã seguinte, quando os pescadores desembarcam, ela dá falta do marido e os pescadores dizem que ele caiu no mar por conta de um descuido e, devido à escuridão da noite, não foi possível encontrá-lo, ficando ele perdido na imensidão das águas.

Ao amanhecer, quando foram fazer o arrasto na praia, já com o dia claro, todos viram no meio dos poucos peixes que vieram, o corpo do pescador desaparecido. A tristeza foi instantânea e o desespero tomou conta de todos ali presentes.

Prosseguem-se então os rituais fúnebres do pescador, sendo levado à sua morada eterna pelos amigos que estavam com ele no mar. Seu corpo segue carregado nos ombros, pois a situação financeira não comportaria a compra de uma urna. O cortejo segue pela praia.

Carimbó

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Carimbó é uma Dança regional, aculturada, que revela traços culturais lusitanos, negros e índios. O nome é de origem tupi - korimbó -, formado por duas palavras: curi que significa "pau oco: e mbó , que significa "furado". Posteriormente o povo foi trocando as letras do curimbó para corimbo - como ainda é chamado no município de Salinópolis - e para carimbó, como ficou nacionalmente conhecida a dança. 

Os instrumentos que acompanham o Carimbó são: reco-reco, violá, ganzá, banjo, duas maracás e flauta. A união desses instrumentos deu à música do carimbó um ritmo único, envolvente e extremamente sensual.

A indumentária do Carimbó é a seguinte: homens com blusas lisas ou estampadas sobre calças lisas; lenço no pescoço, chapéu de arumã, dançam descalços. Mulheres usam blusas que deixam ombros e barriga à mostra, muitos colares e pulseiras feitos de sementes da região e saias rodadas ou franzidas coloridas ou estampadas, uma influência das danças do Caribe, de origem negra. Usam também, flores ou arranjos na cabeça e vários enfeites ao gosto das dançarinas. Também dançam descalças.

Na coreografia a dança inicia-se com uma fileira de casais, onde o homem aproxima-se de seu par batendo palmas para convidá-la à dança. Elas aceitam o convite e iniciam um movimento circular, formando ao mesmo tempo, uma grande roda, e fazendo movimentos com a saia, com o único intuito de atirá-la sobre a cabeça de seu par. O homem dança o tempo todo, tentando se livrar da saia da mulher, pois se ela conseguir tal façanha, ele sai da dança vaiado por seus companheiros.

Depois de um determinado espaço de tempo dessa evolução, uma das dançarinas coloca no chão um lenço e o seu parceiro, de dorso flexionado para frente e braços levantados para trás, como asas, pernas abertas, tenta pegar o lenço com a boca, sem perder o ritmo, enquanto a dama, pegando a saia com as duas mãos, sacode-a, como se estivesse a enxotar um peru, e o grupo canta:

"O PERU ESTÁ NA RODA CHÔ PERU"

O Carimbó é também conhecido com outras denominações, tais como: curimbó, corembó, corimbó, curimã, simples variações fonéticas.

É uma dança típica do Pará e, em alguns de seus municípios como Salinas, Bragança, e em todos os localizados na Ilha do Marajó, há vários rítimos. No Soure é conhecida como Carimbó pastoril, já em Santarém, é conhecida como Carimbó rural. No município de Marapanim, arredores de Belém, estão alguns dos melhores grupos de carimbó da região, que guardam a fama de serem os maiores difusores do ritmo e da dança no Estado do Pará.
   

Lundu

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Lundu é uma dança de origem africana, assim como seu canto, trazida pelos escravos bantos. O Lundu, do mesmo modo que o "maxixe", eram danças que possuíam uma forma "branda" e a uma forma "selvagem". Essa última,  tinha como tema da dança, o convite feito pelo homem à mulher para um encontro sexual. A dança desenvolvia-se, a princípio, com a recusa da mulher mas, ante a insistência do seu companheiro ela termina por ceder. A movimentação era tão carregada de sensualismo e lubricidade que, ao tempo, a Corte, ao tomar conhecimento do fato, solicitou às autoridades a proibição da dança.

 A coreografia na forma "branda", segue as linhas gerais do Batuque ou Samba. Homens e mulheres dançam soltos, formando um semi-círculo onde cada par, após dançar no centro, voltam ao seu lugar; no final todos dançam juntos. 

Quando está no meio da roda, o dançador faz evoluções inteiramente relaxado, braços caídos ao longo do corpo, pernas meio fletidas, mantendo um sapateio em que a planta do pé bate inteiramente no chão, ao ritmo da música.

Com as adaptações locais o "Lundu" sofreu diversas modificações, principalmente na indumentária. Ao contrário do primitivismo africano, apresenta todas as características marajoaras, razão por que passou a ser chamado de "Lundu marajoara". As mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca, pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla azul-claras e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços.

Para ser aceita, o Lundu-dança, passou à Lundu-canção e no Brasil Império já era cantada nas grandes festas.  E essa ascensão se deu pelo caminho da comicidade. Cantando sensualmente os amores condenados pela sociedade, o Lundu se fixou definitivamente na exaltação da negra e do mulato. Eram muitas vezes cômicos e sempre risonhos. Foi essa comicidade e sorriso o disfarce psicossocial que lhe permitiu a difusão nas classe dominantes. E por isso mesmo, por tratar de temas nem sempre aceitos pela sociedade  é que a maioria dos Lundus não trazia o nome do autor que preferia se esconder no anonimato para não ser identificado e talvez perseguido pelas autoridades.

O Lundu foi a primeira forma de música negra, que sendo muito bem aceita pelos brancos, amulatou-se, ou seja, se  miscigenou a cultura européia sem abrir mão das suas características esculturais: no caso, a alteração rítmica da sincopa e a escala de sétima baixada (sol a sol descendente, sem alteração). 

A matriz rítmica, por sua vez, demandava um acompanhamento afro-brasileiro (atabaques, agogô, marimba, pandeiro, triângulo etc.  O próprio violão, que não é instrumento africano, termina obedecendo ao mesmo processo de execução dedilhada dos instrumentos de corda negros.


Orixás - Oxalá

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OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.

Na África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas. 

A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.

Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.

A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.

O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A acção de cobrir não evoca somente protecção, zelo, denota a actividade masculina no acto sexual.

No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.

O ibin tem duas vertentes, porque o próprio orixá (Oxalá) se subdivide. Quando aparece como Oxaguian, sua coreografia tem mais vibração, mas e executada a passos curtos, curtíssimos, para a direita e esquerda, ao tempo em que os braços movimentam-se para o alto, elevando sua espada para o céu. são passos semelhantes aos de Ogum, contudo, regidos pela brandura, a suavidade.

Como Oxalufan (o oxalá mais velho), ao dançar a composição do corpo e arqueada. Amparado no Opaxoro (o cetro) ele praticamente caminhas, passo a passo, com intervalos vibratórios da cabeça aos pés.
        
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador masculino, Criação, Vida e Morte
Saudação: Epa Bàbá

Orixás - Oxum

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Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência.

Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino.

Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Um de seus oriquis, visto com mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos:

O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços. 

Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho. 

É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência. 

Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.

Oxum, com uma dança mais sensual, requebra as cadeiras em balanço cadenciado, olha-se no espelho, às vezes abaixa-se simulando estar perto de uma fonte, banhando-se no rio, ou simplesmente olhando-se nas águas enaltecendo o prazer de admirar-se e de ter consciência de que é bonita. Ao manifestar-se, ri como Iemanjá, e gira, porém com menos amplitude que Iansã. Esta dança desenvolve-se ao ritmo do ijêxá. Oxum dança, usando os braços e mãos de diferentes formas e intenções como se fossem remadas nas águas; abanando-se graciosamente com o leque; empunhando o leque para admirar-se; para fazer suas pulseiras tilintarem através de uma oscilação destes. Sua movimentação é suave, mais lenta e densa, fluida como a água. Simula trejeitos faceiros de uma mulher sensual e lânguida, a dança parece ser de uma bela mulher que sabe que está sendo observada, no entanto finge não notar a presença do admirador, embora toda a sua movimentação esteja calculada para agradar e prender a atenção de quem a observa. Em certos momentos, porém, sua dança pode apresentar uma certa volúpia, quando através de contorções pede aos presentes o mel, símbolo do sabor doce e da essência amorosa da vida.

O seu leque, o abébé, é bastante usado na sua dança. Por vezes empunhado na altura do rosto, simula estar se admirando no espelho ou também pode ser associado a uma das suas lendas em que Oxum usou o reflexo do espelho para cegar seus oponentes e vencê-los.

Sua dinâmica postural é mais suave do que a encontrada na dança de Iansã, seu tronco ondula mais e o corpo divide-se em movimentos entre o lado direito e o esquerdo, ou seja, os movimentos ora são para o lado direito, ora repetidos para o lado esquerdo alternadamente. A transferência do peso é igualmente suave, contendo pouca oscilação de tronco para compensar a transferência. A expressividade de sua dança é composta por um fluxo livre de movimentos, leveza, um tempo desacelerado, e contínuo. O fraseado coreográfico contém um balanço específico, que inclui um aumento gradual da intensidade expressiva. Oxum se move em harmonia espacial, usando movimentos de alcance médio, ou seja, seus movimentos não são tão expansivos ao projetar-se para fora do seu eixo corporal. A rotação da escápula, a mexidinha de ombros, em pequenos giros funcionam como elementos mobilizadores, aumentando um pouco o alcance do movimento e também promovendo o enraizamento do corpo, conectando – o com a parte superior e inferior do tronco, sintetizando neste elevar e abaixar de ombros toda a sua graça sensual.

Dia: Sábado
Cores: Amarelo – Ouro
Símbolo: Leque com espelho (Abebé)
Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)
Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade
Saudação: Eri Yéyé ó!


Orixás - Yemanjá

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É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os objectos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemanjá.

Yemanjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados.

Yemanjá é o espelho do mundo, que reflecte todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos.

Yemanjá foi violentada pelo seu próprio filho, Orugan. Dessa relação incestuosa nasceram diversos Orixás e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemanjá acabou se desfazer nas suas próprias lágrimas e por se transformar num rio que correu em direcção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.

Dissimulada, e aridlosa, Yemanjá faz uso da chantagem afetiva para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente.

Yemanjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemanjá criou Omulu, o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.

A dança de Yemanjá imita o movimento das ondas do mar, fala da fluidez, de distribuição de cuidados e bens aos seus filhos, de germinação constantemente renovada. Quando se manifesta, Iemanjá ri às gargalhadas ou geme, como estivesse chorando, executando giros grandes como as ondas e o vaivém do mar. Banha-se nas águas, e simula mergulhar para pegar alimentos e conchas para seus filhos. Um movimento, também característico da sua dança, é colocar as mãos na testa e na nuca alternadamente, evidenciando desta forma que ela é a Iyá Ori, a mãe da cabeça. Outro movimento é estender as mãos em posição que lembram estar implorando, ou melhor, esmolando por caridade e amor.

Sua dança é mais suave, embora tenha bastante vivacidade e pode manter os braços dobrados, na linha da cintura, afastando e unindo os punhos ao mesmo tempo, afastando para trás e para frente os braços, com uma pequena oscilação que apresenta moderada rotação de ombros em movimento circular. Na dança de Yemanjá, não existem movimentos grandes, ampliados, ou mesmo em alta velocidade, possivelmente como reflexo das características do Orixá; o gestual das mãos lembra estar acariciando a água, e empurrando-a para trás do seu corpo, elemento do qual faz parte. Seu deslocamento é suave, ligeiramente contido, como se flutuasse ou caminhasse dentro da água, a dinâmica dos movimentos fica mais centrada ao eixo vertical do corpo, tudo acontece ao seu redor.

O corpo, ligeiramente curvado para frente, como se carregasse um peso, se move organizado e organizando movimentos que lembram sempre estar acariciando ou embalando uma criança ou as ondas do mar. Seu tórax não se projeta no ar, uma vez que a sua dança é mais voltada para dentro, mais interiorizada que as demais estudadas nesta pesquisa. Esta dança mantém um mesmo grau de expressividade coreográfica, pontuada pelo aspecto sutil e delicado dos movimentos. Seus movimentos mantêm o que podemos chamar de pequeno alcance, uma vez que o seu gestual é mais contido, mantendo os braços sempre próximos ao corpo, mais especificamente à linha da cintura.

Esta dança pode passar de um movimento a outro sem alterar significativamente a gestualidade ou a característica de um movimento em relação ao outro, existe um continuum de fluidez corporal, que integra um gesto ao outro nos momentos da passagem de um para o outro, numa dança que ocorre quase que inteiramente sem alteração no tempo ou ritmo, não acelera nem desacelera.

Dia: Sábado
Cor: Branco, Prateado, Azul e Rosa
Símbolo: Abebé prateado.
Elementos: Águas doces que correm para o mar, Águas do mar
Domínios: Maternidade (educação), Saúde mental e Psicológica
Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá

Orixás - Iansã

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O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã .

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.

A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.

Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as actividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

O fato de estar relacionada com funções tipicamente masculinas não afasta Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atracção que sente pelo sexo oposto. Iansã teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se orixá.

Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.

Iansã é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

O aguerê é a coreografia de Iansã, cujas cores são vermelha/branca ou amarela. Seu metal, o cobre. Domina os ventos, a tempestade e os animais prediletos são a cabra e a galinha. A saudação é "eparrei". Alem da rapidez, das fugas e contrafugas próprias de Oxossi, a dança de Iansã tem como propriedade feminina o enlaçar dos braços. A partir desses meneios desenvolve-se o "iruechim", uma ondulação flutuante de mãos com os braços erguidos, comumente chamada de quebra-pratos, e na qual se utiliza um feixe de fios de rabo de cavalo. O "iruechim" é uma evocação aos eguns (espírito dos mortos), simbolizando a vida física que se quebrou, se foi; ou melhor, passou para outro estagio.

A dança de Iansã alterna movimentos suaves com giros em velocidade, apresenta um movimento característico das mãos, paralelas e espalmadas, para o alto e a frente do corpo, como que afastando os eguns, as almas dos mortos ou revolvendo o ar, num passo chamado quebra – pratos. Em outro passo, pode também ser sensual, provocando os Orixás masculinos, de mãos nas cadeiras ou segurando as saias mais levantadas.

Seu passo principal, o quebra-pratos, é composto de um arrastar um pé no chão seguido de um contra tempo, este movimento é repetido ora com um, ora com o outro pé. Nesta movimentação, as pernas ficam um pouco mais afastadas que o normal, o que provoca uma oscilação pendular lateral acentuada do corpo, ou seja, quando ela arrasta o pé direito no chão, seu corpo inclina-se acentuadamente para a direita e vice-versa. Este arrastar de um pé no chão, como se estivesse jogando terra para trás, pode ser associado, em sua dinâmica ao seu aspecto agrário ou do boi, pois este movimento lembra os touros, que arrastam uma das patas traseiras antes de iniciar um ataque. Iansã tem uma dança ágil, dinâmica, guerreira, através de seus movimentos é a tempestades e o vento desencadeado e contém ainda como característica, a justiça, sendo conhecida como rainha vingadora e justiceira.

A estrutura coreográfica oscila entre um fluxo de movimento ora contínuo, ora descontínuo e livre, o peso dos movimentos variam do forte ao leve com um tempo quase sempre acelerado, podendo alternar, porém, com pequenas desacelerações, ao mesclar movimentos mais suaves com giros rápidos e fortes, o que indica uma característica do seu comportamento, ora calma, ora agitada. Dança em impulsos e muda rapidamente de um a outro extremo, num piscar de olhos, de humor e de desempenho corporal, alternando movimentos retos com curvos.

A mudança corporal, em relação ao volume do corpo no espaço, adquire um aspecto tridimensional, marcada pelas rotações e giros constantes, bem como a sua evolução de forma circular no espaço. A presença da espada, somada a algumas evoluções lembram um enfrentamento, um ataque, simbolizando as lutas, na qual foi companheira de Xangô, como também o combate que travou com Ogum. Outro aspecto característico da sua dança são os giros, que, somados às mãos suspensas no ar, denotam a idéia de movimentos para todos os lados e sentidos, uma ação dinâmica tal qual um vento forte, ou melhor, um redemoinho que abrange todas as direções. Sua dança tem um ar altivo, irrequieto, um Orixá dinâmico, uma das danças que mais impressiona pela riqueza de movimentos, e surpreendentes mudanças, além do seu aspecto circular proporcionado pelos inúmeros giros em velocidade.

Esta dança apresenta movimentos fortes no espaço, amplos e em plano mais alto. Sua dança parece ser feita para expandir-se no espaço, feita para fora e para cima, enfim para o ar, embora apresente um forte enraizamento ao solo, acentuado pelo arrastar dos pés para trás e para fora.


Dia: Quarta-feira
Cores: Marrom, Vermelho e Rosa
Símbolos: Espada e Eruesin
Elementos: Ar em movimento, Fogo
Domínios: Tempestades, Ventanias, Raios, Morte
Saudação: Epahei!

Orixás - Xangô

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Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?

Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.

Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.

O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.

Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.
Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.

Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.

Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Xangô?

Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.
Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.

A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.

Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
  
Alujá e a dança de Xangô, a mais viril e agressiva de todas as coreografias dos santos africanos. Dominador do raio, do fogo e, sobretudo, da Justiça, de Xangô são as cores vermelha e branca e, as vezes, o marrom. Cobre e seu metal e alimentos preferidos são o carneiro e o galo. A saudação: Kaô-Kabiecilê.

Com guerreiro, a coreografia de xangô e dominada pela simulação de golpes de machado, um de seus símbolos. Num momento, ele rasga o espaço para frente, noutros cruza sua arma com o imaginário opositor (o mal).         

De forma impetuosa, uma coxa a frente, o tronco e impulsionado para frente e, em seqüência, para um dos lados a coreografia vai ocupando todo o espaço que lhe e dado. Para executa-la bem, ha de ter muito vigor físico.

DIA: Quarta-Feira
CORES: Vermelho (ou marrom) e branco
COMIDA: Amalá
SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê
ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.
DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.
SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!

Orixás - Obaluaiê

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Obaluaiê é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.
 
È preciso esclarecer, no em tanto, que Obaluaiê está ligado ao interior da terra e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

Toda a reflexão em torno de Obaluaiê ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correcto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Obaluaiê! 

Orixá cercado de mistérios, Obaluaiê é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus.Obaluaiê seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Obaluaiê construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê.

As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida.

Obaluaiê nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.
 
O capuz de palha-da-costa-aze cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.

O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.

A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.

Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.

Opanijé e a coreografia de Omulu, Obaluaê, que dominam o sol, a terra e, notadamente, as doenças epidêmicas. são preta, branca e vermelha as cores e saudação "atotô". Os animais preferidos são galo, porco ou o bode. A dança e exercida através de três passos a um lado, os braços erguidos ao céu; igual andamento para o outro lado, novamente os braços alçados. De volta a base, então os três passos serão para frente.

DIA: Segunda-feira
CORES: Preto, branco e vermelho.
SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.
ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra.
DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
SAUDAÇÃO: Atotoó!!!

Orixás - Oxóssi

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Oxóssi é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.

A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.

Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.

Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.

Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.

A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.

A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.

Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.

A dança de Oxossi e de especial beleza. Muito rápida, compõe-se de inúmeras fugas e contrafugas. Em esquivas ligeiras projeta o bailado por toda a extensão do ambiente. O corpo corcoveia, vai ao chão, para. Observa e retoma as mesmas atividades anteriores. Não tendo a posse do arco e flecha, símbolos de Oxossi, quem para ele dança abre o polegar e indicador da mão direita, formando um angulo reto, enquanto os demais dedos desta mão se fecham. O indicador da mão esquerda, esticado, toca a falange, a falange o polegar da direita, criando a imagem do arco engatilhado.


DIA: Quinta-feira
COR: Azul-Turquesa
SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
ELEMENTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)
DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura
SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!

Orixás - Ekedes

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O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.

Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses. 

Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito do Pai de Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres também escolhidas pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora seja considerada autoridade dentro da roça, não podem ser Yalorixás, visto que sua função já foi determinada e não há como mudar. A seguir vem os Ogans, que tocam o atabaques e ajudam o Babalorixá nos fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintas os Yaôs (iniciantes que estão recolhidos para fazerem o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas que “rasparam o Santo”, ou melhor, rasparam a cabeça para um Santo a pedido deste.